quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Traficante Nem afirma que não vai para o inferno porque lê a Bíblia e fazia cultos com pastores em casa.

O traficante Antonio Francisco Lopes  "ao lado", o Nem da Rocinha, preso na última semana numa blitz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, concedeu uma entrevista à Revista Época dias antes de sua prisão. Nessa entrevista, Nem fala de sua crença, de suas ideias a respeito do tráfico e das leis e da sociedade: “Não uso droga, só bebo com os amigos”, afirma Nem.
A entrevista, que a pedido de Nem, não pode ser gravada pela jornalista Ruht de Aquino, foi feita em um campo de futebol, em meio aos boatos de que estava planejando se entregar à Polícia.
Falando sobre religião, o traficante mostra confiança no que entende como certo, e acredita que não irá para o inferno: “Leio a Bíblia sempre, tento impedir garotos de entrar no crime, dou dinheiro para comida, aluguel, escola, para sumir daqui. Faço cultos na minha casa, chamo pastores. Mas, não tenho ligação com nenhuma igreja. Minha ligação é com Deus. Aprendi a rezar quando criancinha, com meu pai. Mas só de uns anos pra cá, comecei a entender melhor os crentes. Acho que Deus tem algum plano pra mim, Ele vai abrir alguma porta. Não vou para o inferno”.
Nem, que entrou para o tráfico quando sua filha, recém-nascida precisava de tratamento médico caro, acredita ser bom pai. “Pergunto a meus filhos todo dia se foram à escola. Sei que dizem que entrei no tráfico por causa da minha filha. Ela tinha 10 meses e uma doença raríssima, precisava colocar cateter, um troço caro, e o Lulu (ex-chefe) me emprestou o dinheiro. Mas prefiro dizer que entrei no tráfico porque entrei. E não compensa”, relata o traficante que tem 7 filhos: “dois me adotaram. Me chamam de pai e pedem minha benção”, e defende-se das acusações de violência: “Não sou o bandido mais perigoso do Rio”.
Mostrando um raciocínio crítico incomum, Nem conta à jornalista sua admiração pelo ex-presidente Lula. “Ele foi quem mais combateu o crime com mais sucesso, por causa do PAC da Rocinha. Meu ídolo é o Lula, adoro o Lula. Cinquenta dos meus homens saíram do tráfico para trabalharem nas obras. Sabe quantos voltaram para o crime? Nenhum. Porque viram que tinham trabalho e futuro na construção civil”, afirma.
Sobre as políticas de segurança do Estado do Rio de Janeiro, disse admirar o secretário José Mariano Beltrame: “Um dos caras mais inteligentes que já vi. Se tivesse mais caras assim, tudo seria melhor”.
"Aparentando cansaço da vida que levava,  E digo a todos  que estão no tráfico: a hora é agora. Quem quiser se recuperar, vai para a igreja e se entrega para pagar o que deve e se salvar”

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