quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Homenagem as Crianças...







Há um período na vida em que os pais vão ficando órfãos de seus próprios filhos - é que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados...
Crescem sem pedir licença à vida; Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maneira e naturalidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela sua criatura.
Onde é que andou crescendo aquele pedaço de você e que você nem percebeu? Cadê a sua pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme (tão pequetitinho) do maternal?
As crianças estão crescendo num ritual de obediência orgânica e de desobediência civil. E você está agora ali, na porta do shopping, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça...
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o vocabulário propício da sua geração.
Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, da violência e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com os nossos acertos e erros: principalmente com os erros, que esperávamos tanto que eles não se repetissem...
Há realmente um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos seus filhos vivíssimos: Não mais os pegaremos nas portas dos cinemas e das festas, passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando a pureza entre os lençóis da infância, e quando chegassem a pré-adolescência e a adolescência, continuássemos a ir em seus quartos cheios de adesivos, posters, agendas coloridas, internet e CDs ensurdecedores...
Na verdade, não os levamos suficientemente ao playcenters, não lhes demos suficientes batatas-fritas e refrigerantes, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. E eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso estoque de afeto.
No princípio, iam à praia com a gente entre embrulhos, bolachas, farofas, engarrafamentos, e haviam as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de balas, chicletes e cantorias sem fim. Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e as primeiras paqueras.
Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas algazarras.
Chega o momento em que só nos resta torcer e orar muito para que eles acertem nas escolhas em busca da sua (e por tabela, da nossa) felicidade, e que a conquistem do modo mais completo possível.
O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos, e o neto é a hora do carinho ocioso e estocado, que não exercemos nos próprios filhos e que não podemos deixar morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Sim, os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso tão intenso afeto...
Epa! Epa! Calma ai... deixem os netos pra depois, afinal, nossos filhos ainda estão ai, e, antes que eles cresçam, precisamos fazer alguma coisa.
Temos um privilégio que o mundo não tem, pois criamos nossos filhos no caminho do Senhor, e por isso podemos acompanhá-los de perto, na Casa de Deus, no mesmo ambiente em que temos prazer em estar e vendo-os tomar gosto por todas as atividades que lhes são apresentadas... O sábio ensinamento Bíblico diz: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22: 6).

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